quarta-feira, 30 de abril de 2014

Eduardo Kac


 
 





“O que guia a obra é sempre a visão do artista, e não os desenvolvimentos da ciência e da tecnologia. Ou seja, o que interessa verdadeiramente é a arte e a poesia”. 
                              Eduardo Kac.








Eduardo Kac (1962) nasceu no Rio de Janeiro é um artista contemporâneo, pioneiro da arte digital, arte holográfica, arte transgênica e bioarte. Formado em  artes plásticas pela PUC/RJ, nos anos 80 começou a apresentar várias performances satíricas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O seu reconhecimento internacional surgiu em 1995, pelos poemas holográficos. Kac produziu cerca de 23 poemas holográficos sobre temas poéticos, que ele identificava com o nome holopoesia. Entre eles, Holo/Olho, produzido em 1983 com Fernando Catta-Preta. Em 1997 criou o termo Bioarte – arte inspirada na biologia -  e em 1999, arte transgênica - produção da intersecção da biologia - com a obra Gênesis.

   Holo/Olho - 1983.
         
  Genesis - Áustria, 1999.

Em 1997 também causou polêmica, pois implantou um micro chip em seu corpo. Para ele, era algo simbólico e não tecnológico. O implante acabou se transformando em uma performance artística, chamada de Time Capsule. O processo de criação desse trabalho foi em que ele mesmo introduziu o chip, com a supervisão de um médico, rodeado por reproduções gigantes de fotos da avó ainda jovem. "Queria confrontar uma memória natural com outra que você adquire artificialmente" diz Eduardo Kac.  



 Time Capsule - Brasil, 1997.

Sua estratégia para desenvolver projetos artísticos sugere seu próprio caminho pois, cada uma possui soluções distintas aos problemas estético que Kac define.
 
Em 2000, causou polêmica com sua obra GFP Bunny, onde utilizou de engenharia genética para introduzir genes de fluorescência em células reprodutivas de uma coelha chamada Alba; sob luz azul, o animal resultante emite luz verde.




GFP Bunny - França, 2000.


Para ele o interesse não reside na ciência ou na tecnologia em si, mas no fato de que a pesquisa abre novos caminhos culturais, disponibiliza materiais e as novas ferramentas que permitem ao poeta e ao artista, criar obras raras que seriam impossíveis com os meios tradicionais. Acredita também, que o que guia a obra é sempre a visão do artista, e não os desenvolvimentos da ciência e da tecnologia. Ou seja, o que interessa é a arte e a poesia. 









segunda-feira, 28 de abril de 2014

Renato Cohen




Artista multimídia, pesquisador das mediações e dos novos suportes na cena, autor de experimentos radicais. Atua desde meados de 1980, um dos diretores mais conectados às inovações multimídias e performáticas.

Formado, na graduação, em Engenharia de Produção (USP), Cohen se dedicou, na pós-graduação, aos estudos de teatro, fazendo, desde então, a opção por suas operações prediletas como pesquisador e artista: a radicalidade e mistura, a fusão e alquimia que permitem borrar fronteiras, justamente para avançá-las. Seu tema de pesquisa foi a performance, linguagem da cena teatral que surge no século 20, com vinculação com as artes plásticas.

Dirigiu o grupo Orlando Furioso, pioneiro no uso de espaços não convencionais, tais como bosques, galpões e sites virtuais. Estreou com: Magritte, espelho vivo em 1986, realizou também Sturm and Drang/ Tempestade e Ímpeto, em 1991.

Em 1997 cria o grupo Ka, que torna-se o primeiro grupo a realizar performances em tempo real para audiência na rede. Ao mesmo tempo que encena com pacientes psiquiátricos a peça Ueinzz, Viagem à Babel.

Autor de dois livros importantes no campo da pesquisa em artes cênicas contemporâneas, Performance como linguagem (1988/2003) e Work in progress na cena contemporânea (1998).

Aqueles que se interessam pela criação intermídias e processual, bem como desejam adentrar nos caminhos do pós-teatro, encontrarão no livro de Renato Cohen, Working in progress na cena contemporânea, fontes de pesquisa e inspiração.

Anna Barros

"Eu sou sempre a mais velha, com o trabalho mais novo."




Anna Barros é uma artista multimídia, pesquisadora e curadora. Nasceu em São Paulo, em 1932, morou por sete anos nos Estados Unidos onde iniciou sua carreira na dança de improvisação de Rudolf Laban e se formou no Otis Art Istitute em Los Angeles. Durante o tempo em que esteve por lá, recebeu influência dos artistas locais que exploravam o uso da luz no espaço das instalações.

Ao retornar ao Brasil ingressou seu mestrado na ECA/USP e mais tarde o doutorado na PUC/SP. Foi presidente da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Participava de simpósios e congressos nacionais e internacionais e apresenta seu trabalho artístico no Brasil e no exterior desde 1974.

Explora a tecnologia para conseguir novas percepções, seus trabalhos dão ênfase na cor, luz e a transparência. A obra de Anna Barros permeia técnicas diversas tendo passado pela gravura, pintura, escultura com instalações, mas hoje coloca-se no veio da Arte e Tecnologia.

Desde 1993 ela vem trabalhando com animações através do computador, sempre explorando o tema da luz e sua imaterialidade.

Começou a pesquisar a nanotecnologia, foi até São Carlos, no Instituto de Física da USP, para saber como funcionava esta ciência. Em 2008 ela realizou a curadoria da exposição “Nano, Poética de um Mundo Novo”.


Anna deu o primeiro curso de Nanoarte do Brasil, intitulado “NANOARTE: Um novo mundo para a criação de trabalhos de arte”, que teve como objetivo tecer uma trama rizomática entre a nanociência e a arte por meio da apresentação, análise e conteúdo de trabalhos de artistas em colaboração com cientistas.


Segundo Anna, não é possível viver de seus trabalhos de arte. Não são animações comerciais, são muito específicas e abstratas.


Anna Barros faleceu em 26/09/2013





Para ver obras da artista:

Obras de Anna Barros

Canal da Anna Barros no youtube

Mário Cravo Neto

(20 de abril de 1947, Salvador, Bahia/ 9 de agosto de 2009, Salvador, Bahia)


Filho do escultor Mário Cravo Júnior, viveu em Nova Iorque entre 1968 e 1970, onde estudou na Art Student League.
Artista multimídia, Mario Cravo Neto iniciou na escultura, ainda adolescente, antes de começar a fotografar, ofício que também abraçou bem cedo. Andou das artes plásticas ao cinema, mas foi como fotógrafo que inscreveu seu nome no cenário internacional e nacional.
Mário é a expressão máxima da fotografia artística no Brasil, muito antes de que esse conceito ou essa discussão fossem tema de debates. Sua produção ganhou importância pelo estilo inconfundível e impactante.
Em Butterflies and Zebras, exposta na Estação Pinacoteca, em São Paulo, a exposição continha 45 fotografias em preto e branco, “O Fundo Negro e Seus Personagens", que são os ícones de sua produção, seu trabalho mais conhecido que foi editado no livro "The Eternal Now" (Áries Editora), uma instalação com fotos de "Ilé Opó Aganju", trabalho em progresso sobre o candomblé, projetadas nas paredes do espaço.










A curadoria de Diógenes Moura também traz uma projeção de 250 imagens coloridas feitas durante o período em que viveu e estudou em Nova Iorque com sua mulher Eva Christensen, entre 1969 e 1970Os registros revelam um olhar atento para a correria da metrópole, em especial nas ruas e estações de metrô.










“Mario Cravo Neto me falou e mostrou as fotografias. Falou-me apenas: são as fotos que fiz em Nova Iorque. Cada vez que eu olhava cada uma das imagens ficava imaginando de que forma cada uma delas teria sido feita. Juntas, formam uma série. Separadas, cada uma delas representam um instante preciso. São como fotogramas. São ao mesmo tempo fotografia e cinema. Revelam personagens anônimos tornados mais anônimos ainda, caminhantes nas ruas da cidade; recortam figuras descendo as escadas ou dentro do metrô e as levam para dentro numa mesma cédula não identificável: aproxima e afasta gente de automóveis por dentro e por fora. Ali, há a aproximação e distância. Uma cidade dilatada.” Disse Diógenes.
Uma exposição que começou a ser pensada pelo artista e pelo curador em 2006, com o vasculhar de arquivos. Um trabalho de garimpagem nas inúmeras imagens produzidas por ele. Um trabalho que foi interrompido em 9 de agosto de 2009 pela morte do artista. Seu filho, Christian Cravo, também fotógrafo, batalhou para que essa retrospectiva fosse realizada: "Era a vontade do meu pai e precisei lutar judicialmente para que ela pudesse acontecer". Disse ele.
As projeções foram pensadas por Diógenes como um grande cinema pois Mario Cravo sempre quis que sentíssemos o que seria Nova York, por isso são utilizadas trilhas sonoras, e a passagem por dentro onde o espectador é projetado sobre a imagem.

Suas experiências com diversas linguagens pertencem ao seu desenvolvimento como artista plástico. São sua extensão, os tentáculos que ajudam a relacionar com o meio ambiente, consigo mesmo e com o futuro. Deixou o cinema, pois não o agradava o tipo de vida que iria se submeter. Em seus vídeos, ele os dirige, fotografa e edita. Em outras palavras, pode contar a história da sua maneira. A curiosidade, a técnica e as linguagens diferenciadas fazem parte do desenvolvimento de todo artista. Sobre suas fontes de inspiração, disse: "os que me inspiram tem sempre algo de poético. São músicos, artistas, fotógrafos, poetas. Tudo o que me toca me inspira."




domingo, 27 de abril de 2014

Artur Matuck



Um dos maiores pioneiros em arte comunicação no Brasil, Artur Matuck (1949), nasceu em São Paulo. É formado em artes pela ECA/USP e pós graduado em artes visuais em San Diego, pela Universidade da Califórnia. 

Exerce no Brasil, EUA, Canadá e Europa em diversas áreas como professor,pesquisador, escritor, artistas plástico, diretor de vídeo, performer, produtor de eventos de artes e recentemente, como filosofo da comunicação contemporânea e organizador de simpósios - reuniões para debater determinados assuntos - internacionais.
 
A motivação de suas obras tem inspiração ecológica. Em 1977, fez um vídeo chamado Emanatio-Profanatio, referente ao sacrificio de bezerros por um fazendeiro do Estados de Wisconsin  (EUA), movido por razões políticas. Ainda em 1977, Brahminicide mostra o processo tecnológico de matanças de porcos na cidade de Iowa (EUA).

No Brasil, em 1984, inicia sua carreira universitária assumindo a disciplina de multimídia e Intermídia no Departamento de Artes Plásticas na ECA. Atua ainda como professor orientador nos programas de pós- graduação Ciências da Comunicação e em Estética e Historia da Arte, pela USP.

Em 1991, desenvolveu o projeto Reflux ( projeto mundial de telecomunicação e arte).
Participou da 17ª Bienal Internacional de São Paulo, no qual apresentou viodeoinstalação Alpha Centauri Stelo Binara em 1983, a partir desse periodo suas produções artisticas foram produzidas nas Bienais de São Paulo em 1983;1987;1989;1991 e 2002.
 
Atualmente desenvolve pesquisa sobre as formas híbridos de criação textual co-autorada entre agentes humanos e sistemas computacionais.Contudo, elabora projetos de arte telemediática – Projeto Perforum, 1999-2001 e Projeto Interpresença, 2002 – propondo eventos de videocomunicação entre diversos países.



ALPHA CENTUARIO STELLO BINARA - BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO 1983
Sistema de transmissão de 12 monitores formando um circulo, apresentando-se em posição de um álbum; onde são exibidos 3 programas pré-gravados, cada um transmitindo simultaneamente para quatro monitores do circulo; Espaço lúdico composto de 6 monitores, 6 câmeras, 6 gravadores-reprodutores de video e 3 espelhos, permitindo participação do publico na criação de imagens; Sistema de holografias composto de 4 hologramas planos e 1 holograma circular produzidos em colaboração com Fernando Eugênio Catta-Preta; Sistema de som composto de 12 amplificadores, 6 gravadores e 24 caixas acústicas veiculando composições de Carlos Kater.



DISTRADO - MEGGAAN OBSERVES AN HUMAN
Um extraterrestre de Megga relata sua tentativa de se aproximar de um ser humano na Terra. A criação e produção da video-narrativa Distrado-Meggaan Observa um Humano obedeceu a critérios exclusivamente artísticos. Distrado aponta para um questionamento da vigilância e da supervisão do individuo na sociedade contemporânea. A principal tensão revelada na obra ocorre na consciência do personagem-narrador, um alienígena que ao aproximar-se de um ser humano vacila diante deste contacto. O extraterrestre revela-se como um personagem tele-dominado controlado por uma autoridade distante capaz de injetar-lhe ordens.




Instalação em áudio e vídeo. Transcrição de imagens do vídeo Distrado-Meggaan Observa um Humano através de uma tv de varredura lenta. A trilha sonora realizada por Chris Koenisberg interferia nas imagens de ficção científica.

Recentemente, houve um trabalho na USP, dirigido por Artur Matuck, A Arte Como Pratica espiritual. Uma oficina que propôs a experiência em um santuário ecológico em São Paulo, que obteve uma serie de atividades com o contato com elementos da natureza (rios, cachoeiras, trilhas e praias). O artista orientou está oficina através de uma equipe acadêmica ligados pela USP, como pratica espiritual, proporcionando a relação do universo interior, abrangendo diferentes formas de expressão.


A Casa do Índio - Litoral Norte de São Paulo 
Artur Matuck,2014.

VIDEOS:

DISTRADO - MEGGAAN OBSERVES AN HUMAN 1989
http://www.colabor.art.br/arturmatuck/portfolio/video/distrado.php

RISK MACHHINES - 2002

Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho


Nasceu em 2 de setembro de 1960 em São Paulo, o quarto de sete filhos.

É conhecido na América do Sul por ser um dos principais compositores da música pop brasileira. Mas fora, também já expôs trabalhos em artes plásticas.  Fez poesia, performances e intervenções em outros meios desde 1980.

Situa-se entre os autores contemporâneos de maior expressão e é ainda ativo e claramente influenciado pelas vanguardas do modernismo, o concretismo principalmente. 

Após 1992, ele muda o curso de sua poesia e começa a experimentar uma nova forma de literatura, feita no computador e destinada a ser lida na tela do aparelho de televisão. É mais um passo na direção de uma arte multimídia, capaz de combinar todas as artes anteriores perfeitamente.

Antunes defende a liberdade da poesia e das formas lingüísticas de expressão atuais, pois para ele quanto mais se mistura mídias e criatividade mais os sentidos se interligam enriquecendo as interpretações.
 O uso intenso de figuras de linguagem, fato que confere à sua obra um caráter essencialmente lúdico.

A semelhança entre o que Arnaldo Antunes faz em suas obras e o que o hipertexto (termo que remete a um texto, ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons) pretende, não pode ser negada. Arnaldo Antunes é um poeta ligado ao visual, e o hipertexto possibilita que o autor explore mais sua criatividade nesse campo. As palavras e imagens se completam, se opõem, se interpenetram, deixando ao leitor apenas pistas de significação.

"Antes e Após"




















"Cromossomos"




















"Mãos"



















Utilizando recursos de computação gráfica e de vídeo, ele lança, em 1993, uma seleção de trinta impressionantes videopoemas, que combina letras animadas com cores mutantes, imagens tomadas por câmeras de vídeo, oralização e música. 

"NOME." 1993



Fontes: Enciclopédia Itau Cultural Arte e Tecnologia