segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mário Cravo Neto

(20 de abril de 1947, Salvador, Bahia/ 9 de agosto de 2009, Salvador, Bahia)


Filho do escultor Mário Cravo Júnior, viveu em Nova Iorque entre 1968 e 1970, onde estudou na Art Student League.
Artista multimídia, Mario Cravo Neto iniciou na escultura, ainda adolescente, antes de começar a fotografar, ofício que também abraçou bem cedo. Andou das artes plásticas ao cinema, mas foi como fotógrafo que inscreveu seu nome no cenário internacional e nacional.
Mário é a expressão máxima da fotografia artística no Brasil, muito antes de que esse conceito ou essa discussão fossem tema de debates. Sua produção ganhou importância pelo estilo inconfundível e impactante.
Em Butterflies and Zebras, exposta na Estação Pinacoteca, em São Paulo, a exposição continha 45 fotografias em preto e branco, “O Fundo Negro e Seus Personagens", que são os ícones de sua produção, seu trabalho mais conhecido que foi editado no livro "The Eternal Now" (Áries Editora), uma instalação com fotos de "Ilé Opó Aganju", trabalho em progresso sobre o candomblé, projetadas nas paredes do espaço.










A curadoria de Diógenes Moura também traz uma projeção de 250 imagens coloridas feitas durante o período em que viveu e estudou em Nova Iorque com sua mulher Eva Christensen, entre 1969 e 1970Os registros revelam um olhar atento para a correria da metrópole, em especial nas ruas e estações de metrô.










“Mario Cravo Neto me falou e mostrou as fotografias. Falou-me apenas: são as fotos que fiz em Nova Iorque. Cada vez que eu olhava cada uma das imagens ficava imaginando de que forma cada uma delas teria sido feita. Juntas, formam uma série. Separadas, cada uma delas representam um instante preciso. São como fotogramas. São ao mesmo tempo fotografia e cinema. Revelam personagens anônimos tornados mais anônimos ainda, caminhantes nas ruas da cidade; recortam figuras descendo as escadas ou dentro do metrô e as levam para dentro numa mesma cédula não identificável: aproxima e afasta gente de automóveis por dentro e por fora. Ali, há a aproximação e distância. Uma cidade dilatada.” Disse Diógenes.
Uma exposição que começou a ser pensada pelo artista e pelo curador em 2006, com o vasculhar de arquivos. Um trabalho de garimpagem nas inúmeras imagens produzidas por ele. Um trabalho que foi interrompido em 9 de agosto de 2009 pela morte do artista. Seu filho, Christian Cravo, também fotógrafo, batalhou para que essa retrospectiva fosse realizada: "Era a vontade do meu pai e precisei lutar judicialmente para que ela pudesse acontecer". Disse ele.
As projeções foram pensadas por Diógenes como um grande cinema pois Mario Cravo sempre quis que sentíssemos o que seria Nova York, por isso são utilizadas trilhas sonoras, e a passagem por dentro onde o espectador é projetado sobre a imagem.

Suas experiências com diversas linguagens pertencem ao seu desenvolvimento como artista plástico. São sua extensão, os tentáculos que ajudam a relacionar com o meio ambiente, consigo mesmo e com o futuro. Deixou o cinema, pois não o agradava o tipo de vida que iria se submeter. Em seus vídeos, ele os dirige, fotografa e edita. Em outras palavras, pode contar a história da sua maneira. A curiosidade, a técnica e as linguagens diferenciadas fazem parte do desenvolvimento de todo artista. Sobre suas fontes de inspiração, disse: "os que me inspiram tem sempre algo de poético. São músicos, artistas, fotógrafos, poetas. Tudo o que me toca me inspira."




5 comentários:

  1. Adorei o trabalho com as fotos, momentos do cotidiano ele retratou de uma forma diferente e interessante. O fato de ele produzir os videos por completo sem a interferência de ninguém me deixou fascinada, sei que esse trabalho tem 100% a cara dele.

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  2. Muito bom o trabalho de fotografia feito em Nova Iorque, retratando pessoas comuns em estações de metrô nas ruas, o artista tem uma sensibilidade no olhar, e é isso que faz a diferença na obra de arte.

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  3. Gostei do trabalho dele, realmente como diz no texto ficamos tentando descobrir como cada uma delas foram feitas.Poderia ser em qualquer lugar ,quando vi o vídeo me remeteu a correria do dia,um cotidiano encontrado aqui,em SP e nas grandes metrópoles;é como um Déjà-vu.Realmente de uma sensibilidade incrível o trabalho desse artista.

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  4. Um trabalho muito bom e diferenciado , um artista que consegue trazer para a arte cenas cotidianas, cenas que nos remetem apenas ao, estamos sendo retratados , essa é a nossa vida. Um desenvolvimento de linguagem muito interessante.

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  5. Muito bom o trabalho fotográfico dele relatando cenas do cotidiano. Achei interessante também quando ele diz "Tudo o que me toca me inspira.", frase que eu me identifico por pensar assim como ele, na questão de inspiração para as coisas que faço.

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