segunda-feira, 21 de abril de 2014

Katia Maciel



Carioca, Katia Valeria Maciel Toledo (1963 - ), popularmente conhecida como Katia Maciel, é artista, cineasta, poeta e professora, lecionando na Escola de Comunicação da UFRJ desde 1994 onde coordena, com André Parente, o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-Imagem). Em suas obras, desde 1990 busca a arte aliada ao cinema através de filmes, curtas, vídeo-instalações e instalações interativas.

Ganhadora de prêmios e bolsas nacionais, teve a oportunidade de expor solo (São Paulo, Bistrol, Rio de Janeiro) e coletivamente (Londres, São Paulo, Porto Alegre, Pequim, Karlsruhe, México...), além de publicar livros sobre cinema, arte e poesia, como por exemplo Poeta, Herói, Idiota: O pensamento de cinema no Brasil, e seu livro mais recente, datado de 2012, de poesias, intitulado ZUN.

Suas obras giram em torno da interação com o observador, de maneira inclusiva com a obra, buscando também, através de seus vídeos, quebrar a clássica linearidade do cinema tradicional. Essa busca ela mesma dá o nome de transcinema: “uma imagem pensada para gerar ou criar uma nova construção de espaço- tempo cinematográfico em que a presença do participador ativa a trama que se desenvolve. Uma imagem em metamorfose que pode se atualizar em projeção múltipla, em ambientes interativos e imersivos”.¹

Podemos perceber claramente sua temática através do vídeo Meio Cheio Meio Vazio (Vimeo) , quando a imagem se eterniza num looping, onde o copo nunca enche, transborda ou esvazia (notem que o vídeo não possui absoluto som, porém automaticamente nos vem à cabeça o som de um copo sendo cheio...).

Há também a instalação Um, Nenhum, Cem Mil , seu trabalho de pós doutorado na Universidade de Wales, Newport, Inglaterra, que possibilita ao expectador selecionar dois rostos para encenarem diálogos românticos aleatórios.

Seus trabalhos mais conhecidos são:

O Banho (1993) - seu primeiro vídeo, inspirado a partir das impressões das cores e movimentos dos pastéis da série de mulheres no banho do artista impressionista Edgar Degas.²

Mantenha Distância (2004) - instalação interativa, onde um caminhão é projetado em uma tela, e ao ocorrer a aproximação, o caminhão também se aproxima e lê-se, acima da placa, a frase “mantenha a distância”.

Na Estrada (2004) - instalação interativa, onde nela estamos imersos em três imagens, três sequências em loop de um casal em uma estrada. Nessa montagem, pode-se ver as sequências projetadas simultaneamente em três paredes; cada aproximação do visitante irá acionar o som e a cor da tela da qual ele se aproxima.

Uma Árvore (2009) - videoinstalação, os galhos e folhagens duma árvore se movimentam imitando o inspirar e expirar pulmonar, enquanto seu tronco e o resto da imagem estão estáticos.


Os dois vídeos que mais me impressionaram e marcaram foram, sobretudo, Casa-Construção, curta metragem de 2009 e ganhador do Prêmio Rumos ItaulCultural: Cinema Experimental, onde um casal conversa paralelamente, primeiro um, em seguida o outro e depois ambos, ambientado em uma casa em construção; e Ondas: Um Dia de Nuvens Listradas Vindas do Mar, uma instalação interativa de 2006 em loop, onde a artista mesmo define que "A palavra onda designa ao mesmo tempo o movimento do mar e a pulsação da energia. Este trabalho aproxima esses dois sentidos por meio de uma instalação interativa"³, que causou-me real sensação de estar à beira da praia, sobretudo pela projeção ocupar um espaço levemente arredondado nos cantos e a zona de arrebentação do mar ser próxima ao rodapé do chão, possibilitando ao visitante realmente imaginar que está com os pés na água!

Para saber mais sobre essa artista contemporânea e seu incrível trabalho de interatividade obra x apreciador deixo abaixo acesso para os links das fontes pesquisadas, site e Vimeo pessoal da artista.


¹ e ²- Retirados do site Enciclopédia Itaú Cultural - Arte e Tecnologia
³ - Retirado da descrição do vídeo no Vimeo da artista (Katia Maciel)

6 comentários:

  1. Adorei essa artista, com todo esse pensamento de interação, e essa mudança no cinema, na atualidade muitos artistas pensam nisso, como Luiz Duva.
    As obras dessa artista são incríveis, realmente tive a sensação de ouvir a água enchendo o copo, e a obra "Casa-Construção" é fantástica, lembrei e me fez refletir sobre algumas coisas.

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    1. Casa-Construção é como se fosse um tapa na cara, não? HAHAHA
      Senti a mesma coisa depois que assisti!

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    2. Realmente é um tapa, lembrei muito das peças de Samuel Beckett, que nos mostra de maneira muito louca, que é esse jogo com a linguagem, as relações do ser humano, como o ser humano em si.

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  2. Idéias fantásticas, gostaria de ter presenciado a instalação que ela fez Ondas... ter a sensação de estar pisando no mar através de uma projeção deve ter sido incrível... Quero saber mais...

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  3. Um trabalho fantástico , idéias e sentimentos expostos em instalações , no video meio cheio e meio vazio , me identifiquei muito, pois assim anda a minha vida.

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  4. Show de bola o trabalho desta artista. Interessante o que a interatividade com a arte dela produz.

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